terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Confronto com a realidade [ou como isto da passagem do tempo é tramado]


Ontem, o meu pai passou o dia no hospital para realizar uma pequena cirurgia [que acabou por não se realizar por motivos que dão assunto para um outro post]. Foi internado e preparado para a cirurgia, ou seja, estava com aquelas batas características, catéter no braço, soro a correr, touca na cabeça, deitado na cama. E quando me deparei com esta imagem, do meu pai deitado numa cama de hospital, tive um choque de realidade.

O facto de olhar para o meu pai, deitado naquela cama, com aquela bata que o fazia mais magro ainda, transmitiu-me uma sensação de fragilidade tão grande que fiquei com os olhos cheios de lágrimas. Talvez porque nunca tivesse olhado para o meu pai assim, como alguém que também se fragiliza, que começa a ter problemas de saúde. Consciente ou inconscientemente, a imagem que temos dos nossos pais e das nossas mães é de que eles serão sempre fortes e enérgicos, sempre super-heróis e super-heroínas, que nunca vão adoecer ou ficar frágeis e sem força. E quando somos confrontados com esta realidade, a de que o tempo também está a passar por eles, é duro. É duro porque, depois de passarem uma vida inteira a cuidarem de nós, há um momento em que somos nós que, de certa forma, começamos a cuidar deles, a alertá-los para os perigos, a relembrá-los de tomar a medicação ou de se agasalharem ou de terem cuidado quando saem de casa. Não digo que os papéis se invertem, mas é quase natural esta tendência de sermos nós, filhos, a querer cuidar deles, pais. E isso significa que o tempo passou, que nós crescemos e os nossos pais também.

Tudo isto para dizer que esta tomada de consciência de que o tempo está a passar também pelo meu pai, o vê-lo naquela cama de hospital, tão frágil aos meus olhos, foi um choque, um banho de realidade. Está tudo a passar muito depressa. De repente, abrimos os olhos e já não somos crianças nem adolescentes, somos adultos, com vidas em construção. E esse mesmo tempo que nos fez crescer também está a passar pelos nossos pais. Por isso, vamos aproveitar ao máximo cada pedacinho de tempo que temos com eles. Vamos cuidá-los e mimá-los. Antes que o tempo carregue no acelerador e isto passe tudo num instante.

[O pai já está em casa, óptimo e enérgico outra vez!]

1 comentário:

  1. É mesmo isso, os papéis acabam por se inverter e a verdade é que a vida é mesmo assim. Ainda bem que o teu pai já está bem :)

    ResponderEliminar