segunda-feira, 8 de abril de 2019

LIVROS | A Paixão Segundo Constança H. - Maria Teresa Horta


Li A Paixão Segundo Constança H. em menos de 24 horas. Comecei no sábado à noite e terminei no domingo à tarde. Talvez só isto seja suficiente para explicar o quanto este livro mexeu comigo e o quanto me deixou atordoada, ao ponto de não conseguir desligar até ter chegado ao fim [se é que se pode dizer que este livro tem um fim].

Quando li a sinopse, e vi que se tratava de uma história de uma mulher traída e levada à loucura, nunca pensei na enxurrada de emoções que este livro trazia guardado em si. Porque é mesmo esse o termo que, para mim, melhor o define: uma enxurrada de emoções.

Ao longo das páginas, vamos acompanhando Constança H.: a paixão avassaladora, louca e obsessiva de Constança por Henrique. Mas também mais, muito mais do que isso. Vamos acompanhando uma Constança profundamente sozinha, uma Constança que foi abandonada, primeiro pela mãe, que saiu de casa, depois pela avó [o seu porto seguro] que morreu e, por fim, por Henrique, que a traiu. Vamos acompanhando [e vivendo, e sentindo] a crescente "loucura" de Constança, uma loucura que a leva a cometer um crime e à consequente clausura num hospital psiquiátrico, onde recebe um tratamento atroz que só serve para aumentar ainda mais a sua angústia.

Ao chegar ao fim, percebi que Constança não é só uma personagem de um livro. Constança - mulher, esposa, amante, filha, neta, mãe, poetisa, apaixonada [irremediavelmente apaixonada], solitária, amargurada, abandonada, triste, louca - representa muitas e muitas mulheres, quem sabe um pedacinho de cada uma de nós. A loucura de Constança, provocada por uma paixão também ela louca, é-nos familiar. Porque nós, mulheres, desde o início dos tempos que amamos em demasia, que nos entregamos sofregamente a esse sentimento tão contraditório. E quantas e quantas mulheres não enlouqueceram ou foram consideradas loucas por sofrerem de amor, por se levarem até ao limite desse sentimento que tem tanto de belo como de destrutivo se não for doseado na medida certa. E, pergunto-me, haverá uma medida certa? 

Reflexões, muitas reflexões que este livro provocou em mim. Ainda tenho o coração em sobressalto, só por recordar algumas passagens. Mais um livro que recomendo e que ficará gravado na minha memória [e que, certamente, quererei voltar a ler daqui a uns anos].

Quanto a Maria Teresa Horta, não tenho palavras suficientes e adequadas para descrever essa mulher tão genial. A sua obra é magnífica e a sua história uma lição e um exemplo para todas nós, mulheres.

2 comentários:

  1. Confesso que não conhecia, mas fiquei cheia de vontade de ler o livro! Acho que iria adorar *-*

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