quarta-feira, 17 de abril de 2019

LIVROS | Minha Senhora de Mim - Maria Teresa Horta


Poesia foi o tema escolhido para o mês de Abril para o desafio literário #umlivrodebaixodaasa. Quando vi, fiquei para lá de feliz, não fosse eu feita de poemas. E o primeiro livro que me veio ao coração foi, precisamente, este - Minha Senhora de Mim, de Maria Teresa Horta. E como nada é por acaso, este livro coaduna na perfeição com Abril da Liberdade, uma vez que Maria Teresa Horta foi uma das muitas mulheres que lutou pela liberdade, através dos actos e dos poemas, da sua voz única, singular e feminista.

Minha Senhora de Mim foi publicado, pela primeira vez, em Abril de 1971 e nesse mesmo ano foi apreendido pela PIDE, por ser considerado um livro obsceno, ainda para mais escrito por uma mulher [como se, algum dia, a poesia pudesse ser considerada obscena!]. Como se não bastasse, a própria editora Dom Quixote, dirigida por Snu Abecassis, recebeu a ameaça de que seria encerrada caso voltasse a publicar algum livro de Maria Teresa Horta. Mas o que terá de tão especial este livro de poemas para ter provocado tal reacção? E a resposta é: liberdade.

Os poemas que compõem Minha Senhora de Mim são um grito de liberdade. De liberdade feminina. De resistência. De amor. De erotismo. São a voz de todas as mulheres que amam, que desejam, que se entregam, que sentem, com a pele, o coração e alma, o amor e o prazer como um todo. São poemas de uma beleza simples mas profunda, que nos tocam de uma forma muito especial a nós, mulheres, que durante tantos anos tivemos de calar a nossa voz, o nosso corpo e a nossa alma. São poemas carnais, que nos envolvem, que nos dissolvem e que nos fazem regressar à pedra basilar que nos sustenta, a todas nós. São poemas que nos absorvem e nos revolvem por dentro, nas entranhas, no âmago mais profundo. Poemas que se nos colam à pele, para sempre, como que uma espécie de tatuagem que diz "és livre e és mulher".

Além disto, este livro desta edição particular é especial. Há já algum tempo que queria esta edição, da editora Gótica, mas não conseguia encontrar. E eis que o Pedro da minha vida, esse amor querido também ele amante dos poemas e da liberdade, me ofereceu precisamente este livro, desta edição. O que tornou tudo isto ainda mais especial.

Por tudo isto, só posso pedir, aconselhar, sugerir, que leiam este livro, pelo menos uma vez na vida. É tão bonito. E que possamos continuar a ser livres, a escrever o que a alma nos dita, sem medo, sem amarras, sem cabresto. Que a poesia continue a exaltar a liberdade de Ser.

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